Muita gente acha que os japoneses comem sushi e sashimi todos os dias. Não é bem assim. E já que estamos falando de impressões equivocadas, também não se escreve “comida japonêsa”. É “comida japonesa” sem o acento circunflexo 😉
Você vai se surpreender com o universo da culinária japonesa, que teve sua versão tradicional, chamada de washoku, tombada pela Unesco como patrimônio cultural intangível da humanidade em 2013, juntando-se às cozinhas francesa, mediterrânea, mexicana e turca.
Inclusive, há vários pratos de comida japonesa frita — não apenas o hot roll.
Vamos lá?
Nomes de Comida Japonesa
Uma das coisas que logo desperta curiosidade são os nomes dos pratos japoneses: são bem diferentes, é claro!
Por isso, fizemos uma enquete nos nossos perfis do Instagram e do Facebook perguntando quais são os nomes de comida japonesa mais conhecidos.
Selecionamos 5 nomes de comida japonesa com base nos comentários que recebemos em nossas redes sociais e na popularidade dos pratos nas buscas do Google.
Vamos conhecê-los?
Sushi
O sushi é um bolinho de arroz temperado com vinagre, açúcar e sal acompanhado de uma fatia fina de peixe cru por cima na sua versão mais comum.
Outros acompanhamentos são os legumes, as frutas tropicais, ovo e outros frutos do mar, como camarão, lula, polvo e ovas.
Há também versões do sushi enroladas com nori (alga marinha). O sushi é o mais famoso prato da culinária japonesa, mundialmente conhecido e venerado.
No Brasil, foram criadas versões curiosas do sushi, como o sushi doce (que leva morango, nutella, etc.).
Os ideogramas da palavra sushi (寿司), no contexto culinário, significam arroz avinagrado.
Yakisoba
O yakisoba é um macarrão frito acompanhado de legumes variados, proteínas (carne, frango, camarão, etc.) e um molho próprio (a versão com molho de ostras fica ótima). Presença garantida nas barraquinhas de comida em festivais da cultura japonesa, também é muito feito em casa, pela facilidade do preparo. A rigor, o yakisoba é de origem chinesa, mas foi na versão japonesa que se popularizou e conquistou o mundo.
A palavra yakisoba (焼き蕎麦) significa “trigo sarraceno frito”, mas atualmente se usa macarrão de farinha de trigo comum.
Temaki
O temaki é o famoso “cone japonês”: um tipo de sushi enrolado em alga nori, em formato de cone, com recheios variados. Embora pouco conhecida no Brasil, há também a versão do temaki em formato de charuto. No Japão, é muito feito em refeições em casa, pela facilidade de montá-lo.
A palavra temaki (手巻) significa “enrolado com as mãos”.
Lamen (Ramen)
O lamen é uma sopa de macarrão de trigo com diversos acompanhamentos, como carne de porco, ovo, nori, wakame, broto de bambu, broto de feijão, cebolinha e outros. É mais um prato da culinária japonesa que ganhou popularidade mundial e tem suas origens na culinária chinesa — ele é derivado do lamian (拉麺).
Ainda que hoje existam até restaurantes especializados em lamen no renomado Guia Michelin, a verdade é que no Japão ele é considerado um prato muito popular, do tipo fast-food. É comum ter pequenas casas de lamen em estações de trem, por exemplo.
Além disso, você conhece a sua versão instantânea, que fica pronta em 3 minutos, o miojo lamen, certo?
Em Japonês, a palavra é pronunciada como ramen (ラーメン) e para representá-la usa-se um ideograma chamado katakana, que apenas reproduz a sonoridade da palavra, sem significado específico.
Sashimi
Na sua versão mais conhecida, o sashimi é um prato japonês formado por fatias de peixe cru consumidas com shoyu (molho de soja). Mas você sabia que existe sashimi de outros pescados, como a lula, e até de carnes?
Muita gente se pergunta também sobre qual é a diferença entre sushi e sashimi? A diferença é que o sashimi é apenas o peixe cru, enquanto o sushi inclui o bolinho de arroz temperado com vinagre junto com o peixe cru.
Por isso, o sashimi pode ser considerado um aperitivo. Para quem gosta de bebidas alcóolicas, vai muito bem acompanhado de cerveja ou sake.
Veja no vídeo abaixo como fazer sashimi de cavalinha (shime saba):
No Brasil, o sashimi de salmão é o mais preferido e, embora esteja ganhando popularidade no Japão, por lá o mais pedido ainda é o sashimi de atum.
A palavra sashimi (刺身) significa peixe cru fatiado.
Um exemplo de cardápio de comida japonesa tradicional
O autor Gaku Homma, em seu livro The Folk Art of Japanese Country Cooking (em tradução livre: A Arte Folclórica da Culinária Japonesa do Campo), um cardápio de comida japonesa tradicional poderia ser formado por:
Café da manhã:
- Gohan (arroz japonês)
- Tsukemono (picles japonês)
- Missoshiru (sopa de pasta de soja)
Almoço:
- Omusubi (bolinhas de arroz japonês — gohan — em diversas variações: com ou sem recheio, envolvidas em alga nori, grelhadas, com missô, etc.)
Jantar:
- Sunomono (acompanhamentos com molho agridoce)
- Yakimono (pratos grelhados)
- Donburimono (porções de arroz japonês com coberturas variadas)
Esse cardápio é do tipo tradicional e refere-se mais às pessoas do campo. Atualmente, nas cidades, já está bem modificado.
Algumas tradições, porém, ainda são fortes. Por exemplo, tomar missoshiru no café da manhã.
É bem diferente do nosso cardápio ocidental, né?
Tipos de Sushi
É claro que você também vai ver o sushi por aqui, pois é o prato da gastronomia japonesa mais famoso no mundo.
Confira neste vídeo 10 tipos de sushi muito populares no Japão:
São eles:
- Maguro nigiri (Nigiri de atum)
- Ika nigiri (Nigiri de lula)
- Sake nigiri (Nigiri de salmão)
- Kappa maki (Sushi enrolado de pepino)
- Tamago nigiri (Nigiri de omelete japonês)
- Ikura (Sushi de ovas de salmão)
- Tekka maki (Sushi enrolado de atum)
- Unagi (Sushi de enguia de água doce grelhada com molho adocicado)
- Saba nigiri (Sushi de cavalinha)
- Inarizushi (Sushi feito com uma trouxinha de tofu frito)
Qual desses tipos de sushi é o seu favorito? Algum você conheceu agora? Por favor, escreva nos comentários 😉
Barca de comida japonesa
Nos restaurantes japoneses e em eventos, é muito comum termos barcas de comida japonesa com deliciosos combinados de sushi e sashimi.
As barcas de sushi e sashimi também se tornaram um dos pedidos mais populares dos sushi delivery. Veja abaixo um exemplo:
Culinária japonesa e os benefícios para a saúde
Peixes, algas, cogumelos, tofu, arroz e outros ingredientes da culinária japonesa carregam o segredo milenar da longevidade do povo japonês.
O Japão é o país com a maior expectativa de vida do planeta, com 84 anos (dados de 2014) e muitos creditam isso ao fato da comida japonesa ser saudável.
Uma outra pesquisa, comprovou que as pessoas que seguem uma dieta japonesa saudável têm cerca de 40% menos sintomas de depressão do que aquelas que não a seguem.
Dá para entender o porquê destes números com um olhar mais atento sobre um cardápio básico da comida japonesa.
As preparações levam pouca ou nenhuma gordura saturada (o tipo que é nocivo ao organismo) tornando os pratos mais leves, os alimentos crus preservam 100% dos nutrientes e, além disso, são ricos em substâncias importantes para preservar a saúde, como o ômega 3 do salmão, que previne contra doenças cardiovasculares, ou o lentinan dos cogumelos, que reforça o sistema imunológico.
Até mesmo quem está de regime pode colher as vantagens e prazeres da culinária sem peso na consciência.
“Basta evitar versões fritas ou com cream cheese e maionese, que acrescentam mais calorias aos pratos. No restaurante, prefira os pratos à la carte, já que no rodízio é bem mais fácil extrapolar nas porções”, explica a nutricionista Giovanna Arcuri, da clínica Gionutri, de São Paulo.
A seguir, você confere uma lista de benefícios obtidos com os carros-chefes nutricionais da alimentação japonesa. Se você ainda não se rendeu a ela, veja o que a sua saúde está perdendo.
Algas: elas enxugam a gordura
Presentes, principalmente nos sushis e temakis, estes vegetais marinhos são excelentes fontes de iodo, necessários para a tireoide e o sistema imunológico trabalharem melhor.
Esta turma dos mares também garante dias mais felizes, pois carregam vitaminas do complexo B (B1, B2, B3, B6, B12), que são importantes reguladores da serotonina, hormônio neurotransmissor que nos confere a sensação de prazer e bem-estar.
Mas a sua dieta também ganha reforço extra com o consumo das algas. Um estudo recente provou que elas são capazes de reduzir a absorção de gordura pelo organismo em até 75% – mais que o dobro dos medicamentos com a mesma função.
“Além disso, os minerais e oligo-elementos raros presentes nas algas também são importantes para regular o funcionamento do metabolismo”, explica Giovanna Arcuri.
Peixes: amigos do peito
Atum, salmão e truta são espécies largamente utilizadas na culinária japonesa. Esse trio é o verdadeiro aliado do coração. Isso porque os três peixes são ricos em ômega3, um ácido graxo poli-insaturado que faz uma verdadeira faxina nos vasos sanguíneos, dissolvendo as placas de gorduras que se fixam nas paredes das artérias.
Com o sangue fluindo sem barreiras, reduzem-se os riscos de doenças cardiovasculares, como hipertensão, infarto e derrames.
Outra função importante do ômega3 é aumentar os níveis de HDL (o chamado colesterol bom) e diminuir os de LDL (colesterol ruim) do sangue, equilibrando as taxas de colesterol.
Uma pesquisa recente apontou que o ômega-3 também é importante para a manutenção do sistema nervoso central, prevenindo doenças cerebrais degenerativas, como o Mal de Azheimer.
Com a turma dos mares, a fadiga e o desânimo também não tem vez. O salmão contém tirosina, um aminoácido que o organismo usa para produzir dopamina e noripinefrina, dois neurotransmissores que mantém o cérebro em alerta.
Já o atum é excelente fonte de vitamina B6, um nutriente importante para a produção de serotonina, o hormônio da felicidade.
Pepino: xô inchaço!
Ele é um dos vegetais mais usados na culinária oriental, compondo saladas, temakis e sushis. O pepino é composto por 95% de água, o que faz dele um alimento de baixa caloria e que garante hidratação do organismo.
“Também é um diurético natural, que auxilia na diluição dos cálculos renais, e tem potássio, que favorece a flexibilidade muscular, afastando as cãibras do caminho”, explica Paula Cabral.
Além disso, é um ótimo aliado para o ritual de beleza. Ele contém vitamina C e ácido caféico, ótimos para tratar irritações e diminuir o inchaço da pele. Uma máscara facial à base de pepino ou compressas sobre as olheiras deixa a expressão facial renovada.
Gergelim: o intestino agradece
É considerado um dos vegetais mais ricos em lecitina, um poderoso emulsionante, que facilita a dissolução das gorduras. Uma de suas funções na corrente sanguínea é dissolver lipídios da corrente sanguínea, regulando os níveis de colesterol e triglicérides, evitando doenças cardiovasculares.
A lecitina também auxilia na lubrificação do intestino, que junto com as fibras contidas na semente mantém a prisão de ventre bem longe.
“Suas fibras insolúveis também são ótimas para controlar as taxas de glicemia, o açúcar do sangue, afastando males como a diabetes”, explica a nutricionista Patrícia Davidson, do Rio de Janeiro.
E ainda proporciona maior duração da saciedade, o que vai fazer com que a pessoa sinta menos fome. “O ideal é consumir de 1 a 2 colheres de sobremesa por dia que vão girar em torno de 80 calorias cada uma”, diz a especialista.
Mas não é só isso. Estudos mostram que o gergelim atua como ativador do reflexo cerebral e fortalecedor da pele. A presença do cálcio na sua composição ajuda ainda no combate do desgaste ósseo.
Gengibre: ele desintoxica geral
Rico em fibras, o gengibre tem ação desintoxicante, favorece a digestão e alivia a constipação intestinal. Com propriedades anti-infamatórias e bactericidas, também trata inflamações, principalmente na garganta.
“Além disso, o gengibre tem a capacidade de aumentar a temperatura corporal e acelerar a queima de gorduras, contribuindo para o emagrecimento”, explica a nutróloga Paula Cabral.
Saiba mais sobre o gengibre.
Cogumelos: eles blindam o organismo
Shitake e shimeji são duas espécies que incrementam o cardápio da culinária japonesa e blindam o organismo.
Esta dupla é um verdadeiro exército de defesa contra doenças graças a uma substância chamada lentinan, capaz de estimular o sistema imunológico. Estudos apontam que o lentinan também é um bom combatente das altas taxas de colesterol.
“Os cogumelos ativam a saciedade, diminuindo a compulsão e a fome. E tem tanta proteína quanto na carne vermelha, com a vantagem de ter menos gordura”, explica Giovanna Arcuri.
Um bife de 100 gramas de contrafilé carrega cerca de 13 gramas de gorduras, enquanto a mesma quantidade de cogumelo não chega a um grama de gordura.
Tofu: equilíbrio hormonal
Pesquisadores da dieta japonesa atribuem o consumo dele como um dos fatores para a baixa incidência de algumas doenças como certos tipos de câncer (mama, próstata e cólon), doenças cardiovasculares e osteoporose nas populações orientais.
Por ser um derivado da soja, o tofu contém as mesmas propriedades da leguminosa. É uma excelente fonte de proteínas, além de ser rico em minerais como cálcio, fósforo e magnésio.
Em 100 gramas de tofu, 85% são água e 7.5 gramas são proteínas. E ainda pesa pouco na dieta. O alimento tem apenas 70 calorias.
A soja contém uma classe de fito-hormônios chamados de isoflavonas (ou isoflavonoides), antioxidantes que reduzem a taxa de colesterol ruim (LDL) no sangue, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares.
“Uma outra boa notícia para as mulheres é que as isoflavonas contidas na soja exercem uma forte atividade hormonal, equilibrando as quantidades do hormônio estrógeno e amenizando os sintomas da menopausa”, aponta Giovanna.
Wasabi: boa digestão
A pasta feita da planta wasábia (ou rabanete japonês) contém potássio, cálcio, magnésio, fósforo e vitamina C. Usada como condimento, ela ajuda na digestão, principalmente de comidas gordurosas.
“Trata-se de um alimento tão termogênico como o gengibre, que ajuda a acelerar o metabolismo. Porém, deve ser ingerido com moderação, por causa da sensibilidade de cada um ao ardor que a raiz provoca”, explica Paula Cabral.
Grávida pode comer comida japonesa?
Por causa da crença que existe que no Japão a culinária se resume a sushi e sashimi (peixe cru), uma dúvida muito comum é se quem está grávida pode comer comida japonesa.
Em primeiro lugar, sobre saúde, sempre converse com seu médico.
Feita essa ressalva, minha opinião é de que pode, mas não deve — apenas para evitar riscos desnecessários. Espere alguns meses e volte a saborear seu sushi e sashimi com tranquilidade.
Agora que você desvendou os principais segredos da comida japonesa, assine nossa newsletter para receber gratuitamente em seu e-mail receitas para você fazer a sua comida japonesa em casa!